Pérolas de Copy no discurso I Have a Dream de Martin Luther King

Pérolas de Copy no discurso I Have a Dream de Martin Luther King

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Martin Luther King dá uma aula de persuasão no discurso I Have a Dream, um dos mais emocionantes e significativos da história e que marcou o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, que ocorreu entre as décadas de 1950-1980.

Na época, os Estados Unidos vendia o tal “sonho americano” de um país onde todos gostariam de viver, com armas e tecnologia avançadas.

Mas a realidade era que os americanos eram divididos por leis discirminatórias que separaram negros e brancos.

Negros não tinham muito acesso à educação, eram impedidos de frequentar os mesmos lugares, de se casar e até de se sentar em assentos reservados para brancos nos ônibus.

Foi nesse contexto que Martin Luther King Jr. se levantou como líder pacifista do movimento pelos direitos civis.

Após alguns anos de protestos e movimentos pacíficos em todo o território estadunidense, o congresso norte americano foi pressionado a votar as primeiras ações que marcaram o fim da segregação racial na América.

Em 28 de Agosto de 1963, durante uma marcha contra as políticas racistas que reuniu mais de 250 mil pessoas no Memorial Lincoln em Washington, Luther King realizou um dos discursos mais famosos de todos os tempos e que ajudou a derrubar leis segregacionistas nos Estados Unidos.

O discurso I Have a Dream.

Acontece que ao longo de sua fala, há várias pérolas de Copy que fizeram com que a mensagem de Luther King tocasse tão profundamente as multidões, ressoando até hoje como um símbolo de luta pela igualdade racial.

Nos parágrafos a seguir, vamos analisar juntos quais são esses elementos de persuasão usados por Luther King no discurso I Have a Dream. 

Confira!

Elementos de Copywriting no discurso I Have a Dream

1 – Storytelling

“Cem anos atrás um grande americano, em cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a proclamação da emancipação dos escravos. Este decreto momentoso chegou como grande farol de esperança para milhões de escravos negros queimados nas chamas da injustiça abrasadora. Chegou como o raiar de um dia de alegria, pondo fim à longa noite de cativeiro.”

Luther King inicia o seu discurso com Storytelling trazendo à memória do povo o fato histórico de quando o presidente Abraham Lincoln assinou a Proclamação de Emancipação dos escravos do sul, 100 anos antes.

Além de embasar toda a sua argumentação, esse elemento gerou profunda conexão com a multidão.

Afinal de contas, eles estavam reunidos no memorial do presidente que “libertou” os escravos com o objetivo de dar continuidade à luta pela mesma causa.

É nesse momento, que Luther King explora um pouquinho de Future Pacing, criando um paralelo entre dois cenários:

Mas, cem anos mais tarde, o negro ainda não está livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro ainda é duramente tolhida pelas algemas da segregação e os grilhões da discriminação. Cem anos mais tarde, o negro habita uma ilha solitária de pobreza, em meio ao vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o negro continua a mofar nos cantos da sociedade americana, como exilado em sua própria terra.

Martin Luther King contrapõe a prosperidade material dos Estados Unidos e a miséria em que os negros norte-americanos viviam.

Ele ressalta como eles continuavam sendo discriminados, colocados às margens da sociedade e compara essa realidade a um exílio em sua própria terra natal.

2 – Analogia

No primeiro cenário, a expectativa era de que a emancipação dos escravos poria fim à discriminação racial.

Mas a realidade que a américa vivia, mesmo um século após o fim da escravidão, era muito diferente e restringia o negro dos direitos mais básicos, como o de andar no mesmo lado da rua que um branco.

Luther King expõe essa situação de expectativa vs realidade de forma brilhante através de uma Analogia.

“Em certo sentido, viemos à capital de nossa nação para sacar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república redigiram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência, assinaram uma nota promissória de que todo americano seria herdeiro. Essa nota era a promessa de que todos os homens, negros ou brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca pela felicidade.

É evidente hoje que a América não pagou esta nota promissória no que diz respeito a seus cidadãos de cor. Em lugar de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que voltou marcado “sem fundos”.”

Luther King compara os direitos assegurados aos negros 100 anos antes a um xeque sem fundos, que apesar de ter um valor atrativo, não pode ser sacado de forma integral.

Esse elemento é muito utilizado na escrita persuasiva para facilitar a compreensão de um determinado conceito, argumento ou situação.

É o que acontece quando se quer comparar as camadas da terra à estrutura de um pêssego, por exemplo.

Discurso I have a dream - Analogia entre camadas da terra e um pêssego
Reprodução: Google Imagens

Então, você traz um elemento comum ao público para explicar algo mais complexo.

3 – Dores do público

Outro elemento explorado por Luther King em vários momentos do seu discurso I have a dream são as Dores que moveram à luta pacifista pelos direitos civis.

“Há quem esteja perguntando aos devotos dos direitos civis ‘quando vocês ficarão satisfeitos?’. 

Jamais estaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos desprezíveis horrores da brutalidade policial.

Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados da fadiga de viagem, não puderem hospedar-se nos hotéis de beira de estrada e nos hotéis das cidades. 

Não estaremos satisfeitos enquanto a mobilidade básica do negro for apenas de um gueto menor para um maior. 

Jamais estaremos satisfeitos enquanto nossas crianças tiverem suas individualidades e dignidades roubadas por cartazes que dizem ‘exclusivo para brancos’.

Jamais estaremos satisfeitos enquanto um negro no Mississippi não puder votar e um negro em Nova York acreditar que não tem nada em que votar.”

Ele pontua de forma muito específica situações abusivas e reais que o negro sofria diariamente envolvendo restrições:

  • À entrada em espaços públicos e privados
  • De mobilidade urbana
  • Do direito de voto em alguns estados
  • E até mesmo agressões policiais.

4 – Gancho de valor

No auge da sua fala, Luther King emplaca um Gancho de valor.

E como ele faz isso?

Através da repetição da frase “I have a dream”, que mais de 50 anos depois ainda identifica o discurso.

“Tenho um sonho de que meus quatro filhos viverão um dia em uma nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo teor de seu caráter.

Tenho um sonho hoje.”

Aqui, assim como em outros momentos do discurso, Luther King pinta as dores dos negros americanos e menciona de forma direta estados como Alabama, Mississipi e Geórgia, o que traz ainda mais especificidade e consistência ao seu discurso.

Fato é que o discurso I Have a Dream é um prato cheio para quem quer aprender mais sobre persuasão.

Por isso, fica aqui a recomendação para você acessar o discurso completo, extrair e replicar elementos de copy usados por Luther King na sua escrita.

Esse conteúdo te ajudou? 

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